Em palestras que realizo ao redor do mundo, sempre menciono quatro verdades que fazem parte de nossas vidas. A primeira é a impermanência das coisas, ou seja, depois de um tempo, tudo tem um fim. A segunda é que sempre pagaremos impostos. As outras duas decorrem do fato de que a internet se tornou o principal meio de comunicação e interação entre as pessoas, desencadeando um movimento colaborativo no qual raramente fazemos algo sozinhos e onde somos desafiados a administrar mudanças constantes.
Entre as muitas transformações, houve uma mudança de paradigma em relação à liderança. Durante muito tempo, as posições de liderança foram ocupadas principalmente por homens, devido à crença de que apenas eles teriam a capacidade de atuar sob pressão. Uma das justificativas era a ideia equivocada de que as mulheres seriam excessivamente emotivas para exercer tais funções. Cabe questionar se as diversas crises globais atuais — econômica, social e climática — que nos afetam há décadas não seriam resultado de um excesso de testosterona. Durante muito tempo, as finanças e as decisões políticas, majoritariamente conduzidas por homens, romperam o limite da racionalidade, revelando um excesso de ambição e ganância. Como contraponto, uma nova realidade se desenha: o mundo está se tornando cada vez mais feminino, e isso é extremamente positivo.
Neste cenário, o perfil de liderança exigido pelo mercado passou a ser mais colaborativo. Dotadas de sensibilidade, intuição e acolhimento, as mulheres, impulsionadas por um espírito empreendedor, passaram a ocupar posições de destaque em conselhos administrativos, na Presidência da República e em outros cargos governamentais, tomando decisões que afetam diretamente a vida das pessoas e dos países. E não é justamente essa inteligência emocional o valor que precisamos agregar às nossas relações em um mundo repleto de incertezas?
Com o poder das redes sociais e a disseminação rápida da informação, não se espera que o modelo de gestão autoritário, hierárquico e engessado continue a prosperar, pois sua eficácia na capacidade de engajar colaboradores está em queda.
Um estudo conduzido pelos pesquisadores Anita Woosley e Thomas Malone, publicado na Harvard Business Review em 2011 [What Makes a Team Smarter? More Women], já concluíra que equipes com maior número de mulheres são mais inteligentes coletivamente. No entanto, por muito tempo, as mulheres foram induzidas a acreditar que, para alcançar o sucesso, deveriam imitar o comportamento masculino no ambiente corporativo.
Isso mudou. Hoje, se você deseja tornar uma equipe mais eficiente e inovadora, contrate mais mulheres. A habilidade feminina de intuir valores sociais coletivos dará o tom das grandes lideranças, permitindo que equipes alcancem um desempenho superior. As melhores qualidades do DNA feminino incluem sensibilidade social, sintonia colaborativa, resiliência, paixão e inteligência emocional. O mundo precisa dessa energia transformadora, generosamente provida pelas mulheres.
Essa necessidade de maior presença feminina também se aplica ao setor de tecnologia, um dos segmentos mais estratégicos para o futuro da humanidade. A diversidade é essencial para a inovação, e a inclusão de mais mulheres na tecnologia não é apenas uma questão de equidade, mas um fator crítico para o desenvolvimento de soluções mais criativas, inclusivas e eficazes. A tecnologia molda a sociedade, e é fundamental que as mulheres participem ativamente da construção desse futuro.
O setor de tecnologia tem muito a ganhar com a inclusão de mais lideranças femininas. Empresas que valorizam a diversidade apresentam maior lucratividade e capacidade de inovação. Características como inteligência emocional, colaboração e visão estratégica são cruciais para o desenvolvimento de produtos e serviços que realmente atendam a uma sociedade plural.
Portanto, para as mulheres que desejam entrar ou crescer no setor de tecnologia, saibam que sua presença é mais do que bem-vinda — ela é essencial! O mundo precisa da sua criatividade, intuição e capacidade de transformar desafios em oportunidades. Que neste Dia Internacional da Mulher, 8 de março, possamos não apenas celebrar as conquistas femininas, mas também inspirar e incentivar mais mulheres a ocuparem seus espaços na tecnologia, liderando a inovação e construindo um futuro mais justo e equilibrado para todos.