Segurança cibernética: fortalecendo políticas de combate às ameaças no mundo digital
Em um mundo altamente conectado, onde não apenas diversão e entretenimento, mas sobretudo serviços públicos, transações bancárias e acesso à educação e à medicina dependem cada vez mais do ambiente digital, um tema cresce em importância e protagoniza a discussão sobre conectividade: a segurança cibernética. O assunto foi foco do evento paralelo realizado no âmbito do Grupo de Trabalho de Economia Digital do G20 nesta segunda-feira (10). A reunião do Grupo de Trabalho vai até quinta (13) na cidade de São Luís, capital do Maranhão.
O desafio é garantir a interação plena entre as pessoas sem colocar em risco a sua privacidade e segurança em um espaço extremamente dinâmico, onde novas tecnologias surgem a cada momento e que está diante do rápido avanço da inteligência artificial (IA).
Para aprofundar este tema, no âmbito do Grupo de Trabalho de Economia Digital do G20, foi realizado o seminário sobre segurança em economia digital nesta segunda-feira (10). A reunião do Grupo de Trabalho vai até quinta (13) na cidade de São Luís, capital do Maranhão.
Com a participação dos ministros brasileiros de Estado das Comunicações Juscelino Filho e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), Marcos Antônio Amaro, especialistas e delegados internacionais, o seminário abordou o tema, que é transversal aos quatro eixos prioritários do Grupo de Trabalho: Conectividade Universal e Significativa; Integridade da Informação; Governo Digital e Inteligência Artificial.
“É muito importante que os países do G20 fortaleçam a cooperação e a confiança em relação à segurança digital, trocando experiências e boas práticas em conectividade mais segura e mitigação de ameaças inerentes ao mundo digital”, apontou o ministro Amaro, do GSI. “É um ambiente altamente dinâmico e os governos precisam de ações pró-ativas contra possíveis ataques cibernéticos”.
Ressaltando que a realidade das pessoas está cada dia mais indissociável do mundo virtual, o ministro Juscelino Filho lembrou que o tema é necessariamente transnacional, multissetorial e ecossistêmico, envolvendo uma gama variada de atores e exigindo um arcabouço de ações, normas, padrões, legislações e políticas. “Tal qual as mudanças climáticas, a única forma eficaz de abordar a segurança cibernética é envolvendo todas as partes interessadas e afetadas, o que envolve praticamente toda a população mundial”, pontuou. “No entanto, atualmente não há um ordenamento internacional mínimo”.
Especialista no tema, a professora Danielle Ayres, da Universidade Federal de Santa Catarina, concorda que é preciso ter um ambiente regulatório sobre o tema, que promova a segurança dos usuários dos serviços digitais e resguarde as camadas mais vulneráveis, como crianças e idosos. Ela apresentou aos participantes o conceito de maturidade cibernética, que é a capacidade de governos e organizações em prevenir, detectar, conter, mitigar e responder a ameaças do mundo digital.
“Os Estados se movem em um tempo muito menor do que o dos avanços tecnológicos, por isso o sistema de segurança precisa estar em constante e periódica revisão, evolução e aprimoramento”, alertou. “Como é um fenômeno além fronteiras, intersetorial, as soluções precisam estar interconectadas e é fundamental que os Estados disponibilizem recursos financeiros para estas ações”.
Ações com foco na segurança das pessoas
A estoniana Liina Areng, diretora do projeto CyberNet, que atua na União Europeia desde 2019, defende que as ações sejam centradas no ser humano e na educação cibernética. “Queremos que os usuários saiam da passividade e se tornem ativos na defesa de seus interesses. Nosso objetivo é empoderar as pessoas para que se protejam, combatam a desinformação, tenham consciência sobre o que consomem e em como utilizam os serviços digitais”, disse.
Para ela, as preocupações dos indivíduos são muito parecidas, seja na Índia, na Estônia, nos Estados Unidos ou no Brasil. Ela defende a promoção de campanhas, tanto gerais quanto as voltadas para públicos específicos, com a participação de influenciadores, artistas, pessoas conhecidas e com credibilidade. “É um processo complexo, que leva tempo e precisa de dinheiro. Mas precisamos investir nisso e de forma consistente”, finalizou.
Entre os temas abordados no seminário estão ainda boas práticas aplicadas em diferentes países e contextos, a necessidade da cooperação público-privada em ações de segurança cibernética, como criar e acessar linhas de financiamento para políticas de segurança e a importância de fortalecer plataformas de governo digital.
Via: G20