Felipe Locato, gerente de Tecnologia para 5G da Logicalis.
Antes de começarmos, deixe-me fazer uma rápida pergunta: olhe a sua volta e me diga que tipo de coisas você vê que podem ser conectadas à internet? Um smartphone? Um smartwatch? Uma máquina de lavar roupas? Um aspirador de pó? Quem sabe um carro? Ou talvez um prédio?
Em uma época em que tudo é inteligente e gera dados e insights, sua casa e seu local de trabalho também estão se juntando ao clube das coisas conectadas. E mesmo que ainda estejam apenas arranhando a superfície de suas capacidades de automação, o futuro dos edifícios inteligentes está prestes a mudar com a chegada do 5G.
Graças a sua baixa latência, alta largura de banda e capacidade de lidar com alta densidade de dispositivos conectados, o 5G será responsável por dar um novo significado ao termo edifício inteligente. Com o uso dessa tecnologia, ter um prédio conectado se torna possível e poderá trazer algumas vantagens para a nossa realidade, como:
Sustentabilidade: sensores podem desligar o ar-condicionado, as luzes e diversos outros dispositivos ao detectar que não há mais ninguém no ambiente;
Experiência do usuário: melhora a experiência, segurança e bem-estar dos visitantes utilizando reconhecimento facial para detectar usuários frequentes;
Aumento da eficiência: com mais ferramentas e facilidades, é possível aumentar a produtividade e diminuir gastos, controlar melhor a utilização de recursos e espaços;
Análise de dados: prédios conectados podem coletar e analisar dados em tempo real em prol do próprio ambiente, permitindo insights para apoiar tomadas de decisões;
Integração com outros edifícios conectados: a tecnologia permitirá que os prédios aprendam e melhorem sua eficiência, trocando informações com outros edifícios inteligentes.
Mas para obter todos esses benefícios é preciso construir uma infraestrutura hiper conectada. Para torná-la possível será necessário obter diversas peças fundamentais, como: provedores de serviço de internet, serviços de computação de borda, provedores de processamento em nuvem, fornecedores de dispositivos e aplicações de IoT e muito mais. Para alguns edifícios, a construção desse ecossistema será tão complexa que exigirá o apoio de uma empresa de serviços especializada na integração desses sistemas.
Isso porque para atingir os altos níveis de automação necessários será preciso enfrentar um conjunto de desafios, que vão desde levar a conectividade 5G a ambientes muito compartimentados por paredes ou até mesmo subterrâneos a até ter que lidar com janelas com proteção UV, que reduzirão significantemente a transmissão do sinal. Além disso, é preciso levar em conta a integração com os sistemas legados, que até então sempre funcionaram de forma independente.
ESG em foco
Pensando para além dos desafios e vislumbrando as oportunidades, a construção de edifícios inteligentes também apoiará diretamente as organizações nas suas demandas de ESG. Independentemente de ser um prédio de escritório, um shopping, um hospital ou até mesmo um centro de distribuição, todos esses ambientes têm suas obrigações de serem mais sustentáveis, eficientes e ecologicamente corretos, além de reduzir suas pegadas de carbono e, obviamente, os seus custos operacionais.
E quando falamos de um ambiente ultra conectado, a telemetria em tempo real será a ferramenta mais poderosa para esses edifícios conseguirem cumprir as suas metas de ESG. Mas isso só será possível com a ajuda de sistemas de gerenciamento predial automatizados, que são baseados em Inteligência Artificial e com redes 5G — estas que serão imprescindíveis para tornar o ambiente realidade.
Isso porque esses edifícios inteligentes serão totalmente gerenciados e operados via sensores, scanners e câmeras inteligentes, que coletarão dados e imagens de vídeo e analisarão essas informações em tempo real para tomar decisões que impactarão no funcionamento de todo o ambiente. Esses sensores formarão o sistema nervoso central do prédio, permitindo também que a equipe de manutenção não apenas resolva os problemas imediatamente, mas também se antecipe a possíveis problemas, empregando novas tecnologias, como aprendizado de máquina, visão computacional e inteligência artificial.
Os sistemas inteligentes de edifícios ainda poderão coletar dados pessoais e biométricos, como padrões faciais, reconhecimento de voz, detecção de calor, monitoramento corporal e movimento de pessoas. Essas informações serão usadas pelos sistemas de gerenciamento de edifícios para controlar o acesso de segurança ou para adaptar automaticamente a temperatura ambiente, umidade, iluminação ou até mesmo o funcionamento dos elevadores.
Via: TI Inside